Intolerância ao erro, um problema ou uma solução?

É comum ver em aulas de qualquer atividade física tanto professores, como os pais e até mesmo as crianças impacientes e decepcionados quando ocorre um erro. Muitas vezes aquele fato é interpretado como um fracasso, causando desmotivação em todos os envolvidos no processo de aprendizagem. Mas será mesmo que o erro deve ser abominado ou pode ser uma ferramenta?
É comum ver em aulas de qualquer atividade física tanto professores, como os pais e até mesmo as crianças impacientes e decepcionados quando ocorre um erro. Muitas vezes aquele fato é interpretado como um fracasso, causando desmotivação em todos os envolvidos no processo de aprendizagem. Mas será mesmo que o erro deve ser abominado ou pode ser uma ferramenta?

Para entendermos esse processo devemos ter em mente como se dá a aquisição de uma nova habilidade. Estabelecemos um objetivo a ser atingido e damos uma orientação de como atingi-lo, que pode ser por uma instrução verbal, uma demonstração ou uma combinação das duas, o aprendiz processará as informações para poder realizar sua tentativa. A condição de iniciante já implica ao aluno uma incapacidade de processar todas as informações necessárias para realizar dado movimento, ou seja, o erro ocorrerá inevitavelmente. O que fazer então? Cabe ao professor orientar o aluno a partir das informações obtidas pela tentativa, direcionando a atenção para o principal detalhe a ser corrigido na próxima execução, o que é chamado de feedback. Muitos professores simplesmente informam ao aluno que ele errou, de um modo geral isso já fica claro, a devida atitude é identificar o ponto crítico a ser corrigido. Para tanto deve ter conhecimento: da habilidade a ser trabalhada; do estágio cognitivo, motor e psicológico do aluno; e a possível interferência do ambiente no processo.

Com medo do aparecimento dos erros, muitos profissionais preferem repetir o movimento de forma mecânica, eliminando a interferência de mais elementos que possam dificultar o aluno. Isso leva a uma padronização rápida do movimento, no entanto, implica numa perda de flexibilidade nas ações. O que é um grande problema quando falamos da capoeira que é uma habilidade aberta, a execução dos movimentos está condicionada a fatores como o ritmo imposto pela bateria e a ação do companheiro de jogo. O objetivo falado anteriormente se refere à solução de um problema, e essa pode se dar por diferentes caminhos, ou seja, nem sempre uma resposta diferente da pensada inicialmente é necessariamente errada. Por isso é importante uma prática devidamente variada, pois possibilita ao aluno uma maior consistência na solução de problemas.

Os erros são uma condição inerente ao processo de aprendizagem e não um sinal de fracasso. Só erra quem está imerso na busca da melhora, quem não erra é quem não se expõe e não busca ser alguém melhor.

Por: Claudio S. Romeu